Descobri um câncer de mama - e agora?
Frente a um diagnóstico de câncer de mama, primeiramente é muito importante que você saiba que grande parte dos casos serão curáveis através de tratamentos específicos. Para receber as principais orientações quanto ao seu caso você deve procurar um médico mastologista o quanto antes. Na consulta com o mastologista será investigado se a lesão apareceu nos exames de rotina ou se foi percebida no exame físico; será abordada sua história médica pregressa, medicações em uso, histórico ginecológico e história familiar para câncer de mama. Será realizado um exame físico minucioso das mamas e das cadeias linfonodais de drenagem da mama (axilas e fossas supraclaviculares) e avaliados os exames complementares.
Diagnóstico
Os exames de imagem e o exame físico das mamas podem levantar uma suspeita para câncer de mama. Mas é somente através da biópsia com análise anatomopatológica da lesão que se tem a confirmação diagnóstica da doença.
Tipos de câncer de mama
Atualmente existem diversas classificações para o câncer de mama. Dentre elas temos a classificação histológica e a molecular.
Temos a classificação histológica obtida já no exame anatomopatológico (carcinoma in situ ou invasor; subtipo ductal ou lobular) e de grau tumoral (grau 1, 2 ou 3).
Uma classificação essencial para a definição de qual tratamento será indicado é a classificação do subtipo molecular de câncer de mama: Luminal, HER 2 ou triplo negativo – obtida através de um exame chamado imuno-histoquímica.
Neste ponto, considero importante você perceber que o médico mastologista que você escolher para cuidar de você é quem deve saber utilizar essas diversas classificações com maestria para direcionar o seu tratamento da melhor maneira possível.
Percebo que as pacientes que buscam estudar a fundo cada item da classificação da sua neoplasia mamária acabam gerando mais angústia do que efetivamente respostas que as auxiliem a lidar com a doença.
Portanto, estou disponível para conversar com você a respeito das diversas classificações que você poderá escutar ao longo do seu diagnóstico e tratamento, mas de forma que você entenda qual a utilidade disso no manejo prático da sua doença.
O tratamento do câncer de mama
A avaliação inicial da paciente com câncer de mama é essencial para que tomemos as melhores decisões quanto ao planejamento do tratamento. Essa avaliação que ocorre através da anamnese (entrevista), exame físico e exames complementares, irá definir quais procedimentos serão necessários na busca pela cura.
A cirurgia é parte fundamental na grande maioria dos casos. Ela consiste na remoção da lesão tumoral com margens de segurança, seja ela feita através da retirada completa da mama (mastectomia) ou de cirurgia conservadora. Sempre utilizamos técnicas de reconstrução mamária para melhora dos resultados estéticos da cirurgia. Na mastectomia essas técnicas visam a repor o volume e formato da mama e na cirurgia conservadora buscamos evitar defeitos e manter as características da mama, apesar da ressecção tumoral.
Além da abordagem na mama, muitas vezes é necessário ressecar um ou mais linfonodos das cadeias de linfonodos axilares. A técnica mais utilizada é a biópsia de linfonodo sentinela, em que ressecamos o primeiro gânglio de drenagem da mama.
Além da cirurgia, podem estar indicados tratamentos chamados adjuvantes, os principais são:
- Quimioteerapia;
- Radioterapia;
- Hormonoterapia.
Para definirmos quais desses tratamentos serão indicados, levamos cada caso clínico rotineiramente a reuniões de equipe multidisciplinar, os chamados “tumor boards”, em que os detalhes do caso de cada paciente são levados em consideração para definirmos quais desses tratamentos serão necessários.
O médico que prescreve a quimioterapia e a hormonioterapia é o Oncologista Clínico. Esses tratamentos são considerados tratamentos sistêmicos, ou seja, buscam a eliminar qualquer célula tumoral circulante que possa estar presente no organismo. Por esse motivo eles buscam reduzir o risco de recidiva sistêmica da doença.
A quimioterapia pode ser realizada, antes e/ou depois da cirurgia e o número de sessões depende de fatores individualizados. Já a hormonioterapia é um bloqueio hormonal utilizado para tumores com receptores hormonais positivos e geralmente é realizada por um período mais prolongado de tempo (5 a 10 anos).
A radioterapia como tratamento adjuvante para o câncer de mama busca reduzir o risco de recidiva loco-regional da doença.
O médico que avalia quantas sessões e quais as doses de radioterapia serão necessárias é o Radioterapeuta.
Pós-tratamento
Também é uma fala frequente no meu dia a dia – o período do tratamento do câncer de mama é um grande desafio, mas ele passa. Após o período da cirurgia, quimioterapia e radioterapia a paciente passa a viver uma nova fase, em que se sente apta a voltar a se dedicar mais plenamente às suas atividades da vida prévia ao diagnóstico. Nessa etapa, as revisões médicas são essenciais para o seguimento dessa paciente. Nessas consultas será realizado um planejamento da periodicidade do exame físico das mamas e dos exames complementares, serão verificados os efeitos colaterais aos tratamentos realizados, serão abordados assuntos relacionados à qualidade de vida, saúde geral e saúde ginecológica de cada paciente.